No seu aniversário de 4 anos, Marina ganhou da avó uma boneca loira que falava e levantava os braços. O irmão gêmeo, Lucas, uma bola de futebol. Na hora do recreio da escola, Lucas joga futebol e brinca de luta, enquanto Marina prefere brincar de “mamãe e filhinha” com as amigas.
A mãe, Ana Paula, afirma: “Lucas não para um minuto. Está sempre inventando alguma coisa, não fica quieto nunca. Marina é mais mocinha, adora brincar de casinha e ver televisão”.
Desde pequenas, as meninas aprendem que devem se comportar e evitar brincadeiras consideradas próprias para os meninos. Só que a inatividade física, mais comuns às crianças do sexo feminino, traz consequências para a vida adulta.
Cerca de 27% dos homens praticam o nível recomendado de atividade física nos momentos de lazer (150 minutos semanais de atividade física de intensidade leve ou moderada, como caminhada e hidroginástica, ou 75 minutos por semana de atividade física de intensidade vigorosa, como corrida e esportes coletivos), mas apenas 18,4% das mulheres são fisicamente ativas.
A justificativa para a falta da prática de exercícios geralmente é a mesma: pouco tempo disponível. As mulheres hoje em dia trabalham fora, além de cuidarem da casa e dos filhos, atividade que, na maioria das vezes, realizam praticamente sozinhas.
Nas últimas décadas, elas adotaram hábitos que antes eram quase que exclusivos dos homens. O número de mulheres fumantes e que consomem bebidas alcoólicas em excesso aumentou muito.
Assim como o resto da sociedade, elas se alimentam mal, o que significa que consomem poucas frutas e verduras e muito açúcar e gordura, especialmente a saturada.
O resultado do acúmulo de atividades, sedentarismo e maus hábitos é que as mulheres estão mais obesas, com níveis de colesterol e glicemia elevados e, consequentemente, mais doentes.
As doenças crônicas não transmissíves (DCT) como cânceres, diabetes, doenças cardioavasculares, entre outras já são responsáveis por 70% das mortes prematuras (antes dos 70 anos) no Brasil.
De cada 10 mortes por infarto, 6 são de mulheres, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Não há alternativa, nesse caso. As mulheres precisam delegar tarefas, deixar de lado os hábitos nocivos à saúde e se mexer. É necessário arrumar tempo e julgar-se merecedora do cuidado com a saúde.
O alto número de mulheres que morrem de doenças cardiovasculares é mais uma faceta de uma sociedade que permite que elas vivam sobrecarregadas e sem tempo para pensar em si.
Fonte: https://drauziovarella.uol.com.br/para-as-mulheres/o-coracao-da-mulher/